' COMO FOI QUE A GENTE SE PERDEU DA GENTE? '
(Por. Karoline Amorim)
Como foi que a gente se perdeu da gente? Haviam tantos planos, tantos anos, todos aqueles sonhos. Foram tantos sorrisos felizes, arrepios, carinhos doados. Como foi que andamos tanto a ponto de não conseguir mais voltar? Você completava minhas frases, conhecia meus detalhes, ria dos meus pontos fracos. Eu só queria estar ali, amava os teus defeitos, tua cara de sono e todo aquele oposto de mim. Como é que a vida não nos deixou ser para sempre? Eu sempre soube da tua raiva, do teu ciúme, daquela dor contida. Como acabamos? Como foi que todo aquele sentimento escorreu por nossos dedos e fez caminho para outro lugar? É, também tento entender.
Conheci todos os teus nuances e os teus olhares. E você sempre foi uma pessoa de olhares. Teus olhos sorriam quando você estava feliz. Teus olhos expressavam amor, e eu me apaixonei por eles em todas as vezes que os vi. Teus olhos ferviam de raiva nos momentos das nossas tantas brigas. Conheci todos os teus sorrisos e as tuas manias. Era tão difícil dormir com os teus pés inquietos. Lembro de todas as tuas músicas, das memórias mais antigas, de todo o seu eu, meu.
Eu realmente não sei porque a vida deixou a gente se perder. Perdemos o rumo, o caminho de volta, nutrimos orgulho, e esperamos por pedidos de desculpas que nunca chegaram. Houveram promessas e juras. Talvez tenha sido isso, nós juramos nunca nos perder, acreditávamos que sempre encontraríamos um meio para voltar, mas juramentos quase sempre se quebram, sabemos bem sobre isso agora. Nossas escovas em um banheiro qualquer, os muitos filmes compartilhados em uma tarde de domingo, as fotografias recortadas hoje não mais nos porta-retratos ao lado da cama, são memórias para não esquecer, motivos.
No final, todo aquele todo, não foi o suficiente. Nos perdemos, em um labirinto de brigas, e outras pessoas, e outras escolhas, deixamos tudo de melhor que tínhamos no fundo de uma gaveta, em uma cidade qualquer. Encontramos novas primeiras vezes, novos lugares, não lembramos de nós. Guardamos tudo em uma mala enorme e nos perdemos na vida de todos. Desfizemos os nós, os elos, os laços. Mas lá no fundo nós sabemos, nunca vamos entender como foi que nos perdemos da gente.
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