' QUANDO PENSO QUE VI '

A pior sensação do mundo é achar que vi alguém em outro alguém, sabe?
É horrível.

Meu pai precisou fazer uma cirurgia de emergência por esses dias.

Então fui ao hospital visita-lo. Enquanto estava em uma grande discussão com a recepcionista, tinha alguém sentado a poucos metros de mim, exatamente com a mesma calça, com a mesma blusa, com o mesmo tom de pele, com a mesma cor de olhos, da mesma altura, e com o mesmo porte físico dele.. Ele estava com o capuz da blusa na cabeça encostado na parede que havia do lado..
Quando me sentei pra aguardar minha mãe descer pra que eu pudesse ver meu pai, e me virei para trás, foi como se eu tivesse perdido o chão por acho que uns 30 segundos. Fiquei definitivamente paralisada, meu coração quase saltou pela boca, e senti meus pés formigando. Quando voltei á mim, tentei procurar a minha volta bem rapidamente alguém conhecido da família dele, ou até mesmo a namorada, para que justificasse o motivo dele estar lá, senti uma certa pontada em pensar que ele tinha algo e eu não iria poder nem me aproximar para perguntar o que era..


Tudo rodou de uma maneira rápida demais, não conseguia me mover, e por um minuto o foco saiu do estado de saúde do meu pai, e foi parar no daquele cara que eu vi sentado.. Sim, aquele cara, não era ele.. Era apenas minha mente querendo acreditar que fosse. Foi apenas minha cabeça já bolando todas as resposta caso ele se aproximasse, era já meu corpo se preparando para fugir dali caso ele estivesse acompanhado..

Era só minha imaginação desejando um encontro que machucaria muito caso acontecesse.
Suspirei fundo, e odeie aquele cara por estar com aquela roupa, naquele lugar, e naquela hora. Senti vontade de empurrá-lo quando ele parou na minha frente, me fez por segundos ter sensações que duraram a semana toda.

Já se passou um bom tempo desde que tudo aconteceu, e vejo que ele está bem, e acredito que também estou.
Não sei se um dia vou conseguir ter a sensação de calma ao vê-lo. Eu nunca vou entender o que é essa súbita euforia ao simplesmente mentalizar, e loucamente enxergar a imagem dele.

"Saudade não mata, mas tortura."